Aqui, o barulho dos corredores
Parece não me dizer respeito.
Atravesso quase invisível
As densas camadas da escassa interação
Como se fosse para fora,
Como se fosse estranho.
Insistente, quando não indecisa,
Essa realidade arfa sobre mim
Com seus tentáculos atrozes.
Às vezes humilde,
Noutras desencorajada,
Permaneço em meu lugar:
Enumerando solidões.
(Isabella Maia)
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quarta-feira, 18 de agosto de 2010
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Terça-feira
era uma mulher
e um ramo de ervas
próximo ao nariz.
senti o cheiro:
não era de chá nem de terra.
era cheiro de rugas,
de tempo suspenso
de fazer poético
em pleno meio-dia.
meu olhar interviu sem querê-lo
e eu fotografei o susto
a la manoel de barros.
e um ramo de ervas
próximo ao nariz.
senti o cheiro:
não era de chá nem de terra.
era cheiro de rugas,
de tempo suspenso
de fazer poético
em pleno meio-dia.
meu olhar interviu sem querê-lo
e eu fotografei o susto
a la manoel de barros.
quarta-feira, 3 de março de 2010
Espio um jardim
Cercas sem arames farpados. Um verde de mastigar com os olhos. Ponte que faz Poti tocar a mão de Iracema, fortemente. Sorrisos de estremecer o corpo. À sombra dos eucalipitos, enraizamos nossas juras de amor sob a testemunha da mãe-terra - molhada, cheirosa, fértil. Eu me rendo e dou de ombros às súplicas das tempestades sem abrigo. Você me quer livre e eu me permito sentir o gosto doce desse passo. Te quero, meu cheiro amadeirado, trazendo as boas novas daqueles campos onde o amor não se valida com as inflamações torpes, as nocivas labaredas, onde os ossos se fraturam nas esquivas - o amor não é desamor. Munido de tinta azul, nosso lar já se ergue na beira do ribeirão com grandeza de mar. Beijo tuas mãos.
Obs: Texto escrito em volúpia, sem censuras, como uma queda d'água que flui em rapidez, inspirado nas palavras de um jardim suspenso.
Obs: Texto escrito em volúpia, sem censuras, como uma queda d'água que flui em rapidez, inspirado nas palavras de um jardim suspenso.
domingo, 24 de janeiro de 2010
I
Quando queimei as pontes
O sagrado se espalhou como pólen
Transparente-lilás
- dulcíssimo exposto-mistério.
Penetrou as flores mais intocáveis
(tulipas entre os entulhos)
E as pequenas rachaduras
Nos cacos de vidro do muro
Altiva, eu nada quis reter.
Quando o lodo secou
(crosta na pele)
A fauna noturna sugou minha seiva,
Meus anticorpos.
Censurada, eu desaprendi a chorar.
Em cólera, perguntei:
Deus, por onde me espia
Para eu ultrapassar essa fresta?
O sagrado se espalhou como pólen
Transparente-lilás
- dulcíssimo exposto-mistério.
Penetrou as flores mais intocáveis
(tulipas entre os entulhos)
E as pequenas rachaduras
Nos cacos de vidro do muro
Altiva, eu nada quis reter.
Quando o lodo secou
(crosta na pele)
A fauna noturna sugou minha seiva,
Meus anticorpos.
Censurada, eu desaprendi a chorar.
Em cólera, perguntei:
Deus, por onde me espia
Para eu ultrapassar essa fresta?
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Processo-dor I
Em hiato,
afastam-se as palavras.
Eu oro em desespero:
Muros se partam
para o meu sumo sair,
escorrer cintilante
em grito inflamado.
Os senhores vigilantes de todo o movimento
caçoam da minha alteridade
enfraquecem o jorro,
essa potência de vida.
O olhar, no entanto,
persegue ousado
a composição que atinge a víscera.
Alimento minhas algas marinhas,
mas não consigo expelir.
afastam-se as palavras.
Eu oro em desespero:
Muros se partam
para o meu sumo sair,
escorrer cintilante
em grito inflamado.
Os senhores vigilantes de todo o movimento
caçoam da minha alteridade
enfraquecem o jorro,
essa potência de vida.
O olhar, no entanto,
persegue ousado
a composição que atinge a víscera.
Alimento minhas algas marinhas,
mas não consigo expelir.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
O coração comprime meu trinco.
A poesia encardida,
Impregnada das minhas fugas,
Acossa a saída como se fosse ver o mar.
Sendo que há tanto espelho
A me contar do que tanto sei.
(Cotidiano-caos,
Lamentável corte me atravessando impiedoso).
Acolho esse inferno de mim
Como uma sacramentada tristeza.
Eu não me abandono...
Maldigo o meu estar,
A minha espera desigual.
Mas não impeço o passo,
Impetuosa que sou.
A poesia encardida,
Impregnada das minhas fugas,
Acossa a saída como se fosse ver o mar.
Sendo que há tanto espelho
A me contar do que tanto sei.
(Cotidiano-caos,
Lamentável corte me atravessando impiedoso).
Acolho esse inferno de mim
Como uma sacramentada tristeza.
Eu não me abandono...
Maldigo o meu estar,
A minha espera desigual.
Mas não impeço o passo,
Impetuosa que sou.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Adélia Prado
O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,
com seus olhos cediços,
põe caco de vidro no muro
para o amor desistir.
O amor usa o correio,
o correio trapaceia,
a carta não chega,
o amor fica sem saber se é ou não é.
O amor pega o cavalo,
desembarca do trem,
chega na porta cansado
de tanto caminhar a pé.
Fala a palavra açucena,
pede água, bebe café,
dorme na sua presença,
chupa bala de hortelã.
Tudo manha, truque, engenho:
é descuidar, o amor te pega,
te come, te molha todo.
Mas água o amor não é.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
fragmentos I
*
Minha desordem não é camuflada.
A casa inteira reflete meus congestionamentos e inflamações.
Nem caibo aqui.
*
Tenho mãos pequenas.
Mostro o quão são ásperas,
Quando o menino dos olhos apertados
Diz gostar delas.
*
Um corpo rejeitado
Debruçou-se sobre a cômoda
E vomitou seu inferno num lenço de papel.
Ela disse a mim:
Mil sóis para secar o suor dele da sua pele
(Uma poesia no chão rachado daquele lugar).
*
Minha desordem não é camuflada.
A casa inteira reflete meus congestionamentos e inflamações.
Nem caibo aqui.
*
Tenho mãos pequenas.
Mostro o quão são ásperas,
Quando o menino dos olhos apertados
Diz gostar delas.
*
Um corpo rejeitado
Debruçou-se sobre a cômoda
E vomitou seu inferno num lenço de papel.
Ela disse a mim:
Mil sóis para secar o suor dele da sua pele
(Uma poesia no chão rachado daquele lugar).
*
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
A lua, o jazz e meus olhos

Por Sarah, manuscrito em pleno jazz da ribeira, quando meus olhos (tristes?) conseguiram inspirar...
domingo, 30 de agosto de 2009
terra e água
essas chuvas ácidas
bem sei o que traz:
a íris que me finca em solo fértil,
o abraço que me torna pequena,
a boca que se crava em minhas costas
(quando, em carne, somos suor e fome).
__
também sou polarizada,
inflamada e perdida.
trago entulhos:
facas cegas, frases incompletas, murchos girassóis noturnos.
recebe, novamente, a mim.
saliva agridoce, mar alaranjado,
esse desajeitado coração dilatado...
terra e água,
preces para nos sabermos,
como antes,
sagrados.
bem sei o que traz:
a íris que me finca em solo fértil,
o abraço que me torna pequena,
a boca que se crava em minhas costas
(quando, em carne, somos suor e fome).
__
também sou polarizada,
inflamada e perdida.
trago entulhos:
facas cegas, frases incompletas, murchos girassóis noturnos.
recebe, novamente, a mim.
saliva agridoce, mar alaranjado,
esse desajeitado coração dilatado...
terra e água,
preces para nos sabermos,
como antes,
sagrados.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Hilda Hilst I
Sonetos que não são
Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha.)
Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel
Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.
Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha.)
Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel
Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.
_____________
"O teu passo de ferro
Esmaga o que na noite foi minha vida
E recomeço. E recomeço. ..."
"E que para mim construam
Aquelas delicadezas, umas rendas, uma casa de seda
Para meus olhos duros."
Aquelas delicadezas, umas rendas, uma casa de seda
Para meus olhos duros."
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Dúvida
“Aqui é dor, aqui é amor, aqui é amor e dor:
onde um homem projeta seu perfil e pergunta atônito:
em que direção se vai?”
(Adélia Prado: O Coração Disparado)
domingo, 9 de agosto de 2009
.
A noite se ampliou
Quando o teu silêncio coube
No meu descompasso.
- - -
Chove e sinto frio.
Livra-me, esta noite,
com teu corpo-cabana,
De molhar minha ferida?
- - -
Tão poesia: a mão dele deslizando três vezes na curva entre meu ombro e pescoço.
Ali - Caio Fernando me disse -, onde o cheiro de nenhuma pessoa é igual ao de outra.
.
A noite se ampliou
Quando o teu silêncio coube
No meu descompasso.
- - -
Chove e sinto frio.
Livra-me, esta noite,
com teu corpo-cabana,
De molhar minha ferida?
- - -
Tão poesia: a mão dele deslizando três vezes na curva entre meu ombro e pescoço.
Ali - Caio Fernando me disse -, onde o cheiro de nenhuma pessoa é igual ao de outra.
.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
domingo, 2 de agosto de 2009
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
mar de pôr do sol
Tão logo o sol se pôs no porto,
entrei no mar.
Resquícios de luz
fizeram dele um alaranjado só,
num banho de me dourar: tão pérola.
Sozinha com meus pesos,
meus sais
meus tempos
- sou fênix marinha e meus descaminhos vicejam e me purificam
[ quando a água me acolhe.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
(em memória ao seu aniversário,
outras letras para marina)
outras letras para marina)
da pele de sua poesia
emergem lavas vulcânicas
- o céu fica todo cor de carmim.
aqueço-me
em seus versos deLírios
e anuncio:
ela é a mulher-loba que uiva em palavras.
(Feliz aniversário, querida. Que os seus olhos nunca se fechem pra delicadeza do mundo...)
domingo, 21 de dezembro de 2008
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