sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

“que medo alegre o de te esperar”
clarice lispector

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

E esses olhos, cor de minha cachaça preferida, a me fitar? Tão serenos. E esse sorriso cor de areia branca, de abrir caminhos em mim? Leveza de toque na perna, de mão na mão, de beijo na bochecha, de língua que espera. O silêncio bem aceito, o sentir que dá gosto, íris sempre a caçar as miudezas. De certo, ele gosta dos vazios como eu e quis carregar água na peneira também. Ele pára e olha o movimento que o vento faz nos meus cabelos, fica ali olhando, contando das suas andanças e eu, como sempre, flor aberta, respirando maresia, entardecendo: estamos sendo, diria ela que faz festa em minha estante de livros.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

"E era isso o que estava lhe faltando: o mar por dentro como o líquido espesso de um homem."
(Clarice Lispector in Uma aprendizagem ou o Livro dos prazeres)



quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009



eu na praia de pipa-rn


Por fuga, consegui ter o mais movimentado dos verões. Só para me distrair, vi tanto o sol se pôr em lagoa, em mar, em fazendas nas estradas. Querendo esquecer os pesos, tomei muito banho de mar. E para não ser sozinha, corri para o abraço de primos, tias e avós. Senti o cheiro deles, virei noites fazendo bagunça no quarto, papariquei, fiquei mais na cozinha para aprender as raridades gastronômicas, para tentar fazer junto com o primo caçula que, com dez anos de idade, já sabe fazer molho branco, refogar macarrão, ganhar de mim no UNO... É abraço pra cá, você é linda pra lá, me enche de mimos e me orgulha com sua esperteza incomum. Até caminhar em areia fofa da praia, em noite de lua cheia, junto com a tia mais bonitona, só para eliminar as calorias de tanto caranguejo, peixe frito e rocambole de chocolate com recheio de morango em pedaços. Apostei corrida de caiaque com a prima mais traquina e hiperativa do mundo, na lagoa. Sai desbravando estradas apenas com minha irmã para fazer um roteiro só nosso, de muito descanso e dias de sol. Conversei por horas e horas com uma pessoa com raízes no mundo e ganhei brincos em forma de libélula, pulseirinhas e anéis e quis ficar perto e ser mais mar. E ainda teve sessões de filmes, todo mundo junto, apertado, em colchões na sala, como em outrora era tão mais comum acontecer e hoje tem gosto de nostalgia. Os gatos do meu avô (Felipe, Olga e Anita) pintaram o sete na casa de praia, tiraram a paciência do labrador Bruce enquanto este estava preso, enquanto minha miloca (a cadela mais carinhosa do mundo) jogava sua bolinha azul na piscina e vivenciava a maior das aventuras para tentar resgatar e eu me divertindo horrores com as peripécias dessas criaturas, quando não estava enchendo Dona Maria de beijos. Depois era hora de ver estrelas e pensar em tudo que é tão maior, só para não me sentir triste ao me lembrar daqueles dois (que dão tanto trabalho).