terça-feira, 25 de agosto de 2009
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Já.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Em tempo: o meu amor ainda caminha sobre frágeis trilhos de papel.
sábado, 6 de setembro de 2008
Pedindo licença
terça-feira, 2 de setembro de 2008
Esse samba
Eu fui sozinha. Deus, como fazia tempo que eu não ousava tanto. A Ribeira, tão vazia em fim de tarde, tinha cheiro de saudosismo como um retrato em preto e branco. Tive medo. Cheguei, como dizem, “pelas beiradas”, quase me escondendo. Tirei o celular da bolsa, fingi tentar ligar para alguém, olhei meio inquieta pro relógio... Pelo o amor dos deuses, como é difícil estar só estar só vez em quando! Devo ser mesmo muito extremista, pois bem sei a vontade danada que tenho de dar minhas voltas solitárias, a fim de conferir o ambiente, quando saio com outras pessoas. No entanto, naquele buraco da catita, eu achei ruim estar só. Talvez eu goste de uma "liberdade segura", por assim dizer. Mas, voltando: o samba ia esquentando e todo mundo agregado. Com quem eu iria comentar que a música Desalinho é a cara da minha mãe? E que Cartola (e todo o samba da velha guarda da mangueira) é mantido no repertório das batucadas da minha família há mais de 40 anos? Só então eu percebi que o samba se torna infinitamente mais triste quando se está só. Samba é música de roda, de olhar no olho, de se apropriar do tamborim alheio enquanto o dono sai para ir ao banheiro ou pegar mais uma bebida... O que fazer? Decidi respirar fundo e curtir mesmo assim. Pelo samba, o sacrifício era mais que válido. A cerveja e a música foram me animando cada vez mais e, quando percebi, já estava com os pés ganhando vida própria, involuntários, doidos para sambar. O canal se abriu e as pessoas ao redor me acenaram com a mão, num gesto de aprovação à ousadia que começara tão cabisbaixa. As meninas da mesa à frente tomaram coragem e me chamaram para perto. Os músicos tiraram o chapéu e atenderam nosso pedido de Tiro ao Álvaro. Quase havia me esquecido que o samba é isso. O samba é buliçoso. O samba balança, mas não cai.
quinta-feira, 15 de maio de 2008
sobre cacos e laços
O que a raposa diria ao principezinho sobre resgatar laços (talvez) desfeitos? Penso que ela novamente lhe lembraria da necessidade dos ritos, de encher o coração deles para se preparar para a chegada do outro. E ao invés dos ritos exclamativos só há um silêncio desconhecido por dentro? Seria uma espécie de rito também? Um silêncio de corações arranhados em pontos tão delicados. Um silêncio recolhido em sua insignificância confusa. Um silêncio que não consegue falar. Voz que engasga antes de existir. Falta. Trava. Curva-se sem orgulho e com serenidade. Serenidade. Não é a ausência de Drummond, mas a sinto aconchegada nos meus braços. Sim, a serenidade. Por ela, respeito a mudez e respeito também sua chegada. Porque sua saída provocou dor aguda e a chegada eu não sei dizer. Se a gente sentasse um pouco mais perto, a cada dia? E eu te contarei histórias e você me contará as suas de coisas periféricas, a priori. E o barulho do vento no trigo voltará a me fazer rir uma vez que me lembrarão seus cabelos loiros? Que seja doce e pare de doer em nós.
(Porque eu desejei ser grande para abraçar todas as nuances da terra encantada de tão contraditória, mas ela me entregou uma tristeza que me abocanhou com facilidade e me fez menor que um grão de poeira de céu nublado).
domingo, 4 de maio de 2008
manifesto contra a cegueira I
Farejo os cantos. Há um cheiro desconhecido, um amadeirado um pouquinho doce que não invade a sala provocando grandes euforias ou dor de cabeça. Fosse outrora, eu estaria vasculhando tudo a fim de saber de onde veio. Mas não, fico quieta e o deixo passar pelas minhas narinas como bem entender. Meus receptores olfativos parecem apurados e minha percepção seleciona, organiza e me devolve em interpretação: sim, eu gosto. Divirto-me em tentar enxergar as coisas pelo viés dos processos básicos psicológicos. Não se limita em revisar para a prova, é muito mais. Porque há um deleite que faz a roda da minha vida girar como um carrossel dos sonhos de criança. Um giro sem altos e baixos assustadores. Uma sincronia de movimentos e tons lilases, sem pressa alguma. Um contexto que me presenteia com a graça em olhar mais para dentro das pessoas. Um olhar fundo, embriagador para alguns e devastador para outros. Colho pequenezas, restos ensangüentados e um vazio em se desconhecer e se perceber maltrapilho de sentimentos. Vias que me levam para um passeio de coisas rígidas, leves ou intrigantes por demais. Tem tanta coisa nesse mundão de meu deus. Tanto desejo não permitido e pouco elaborado. Tanta gente que se esconde e se pinta de cores que nunca serão suas.
Bom mesmo é me deparar com aquele pequeno bote de pessoas se aventurando nas corredeiras, enfrentando as quedas d’água, arranhadas pelos galhos soltos – expostas por espontânea vontade e instinto.
- Ei, esse seu olhar está me perturbando! É cortante!
- É afrodisíaco. Excitante. Gosto de ser despido desse jeito por você.
- Meu filho, quem é mesmo aquela moça de olhos tão vivos?