quarta-feira, 8 de abril de 2009

Pouco antes, era blues. Naquele momento, era chuva. O quarto azul me fazia esquecer que estávamos em carnaval (ali parecia mais um bangalô que vi certa vez na praia dos carneiros, em feriado tranqüilo). Noite, seja longa. Chuva, não pare tão logo amanhecer (eu pedia em silêncio para que então nosso quarto de mar se ampliasse para dentro de nós).
Corpos de sal grosso, cama-enseada - a baía que não cortava a nossa distância.
Ê desassossego que tem tornado as noites mais longas. Peço calma e meu coração transborda inquietude. Peço serenidade, mas está tudo tão bagunçado, em andanças desordenadas, que o azul só existe em olhares alheios, em fotografias de lugares estranhos ao meu descompasso. Quando penso estar gerando bons movimentos, mirando em um ponto sensato, o universo me pega pelos pés, fico de ponta-cabeça e o sangue, mal circulado, deixa meu corpo gélido e minha mente em chamas. As farpas que me atacam não são para mim. Isso é fato claríssimo. Eles querem me empurrar num abismo que não é meu e me dar de presente uma dor que não é minha. E eu só quero levar meus dias em paz, no meu passo ritmado, nas diretrizes que tento estabelecer arduamente. Eles me sugam até o último fio de cabelo e, não satisfeitos, querem ser ditadores da minha opinião, para que seus caminhos tortos e mesquinhos possa se perpetuar. E eu não sei quem é mais cego entre nós todos. Tento me esquivar do possível caco arremessado em minha direção. Escapo, mas não ilesa. Mil cacos me ferem por dentro e meu alicerce parece entrar em decomposição. Busco loucamente a porta de saída. Tem de existir. Ponto.