sexta-feira, 21 de maio de 2010

Se te parecer distante,
Escassa de peito aberto,
Não convoque espinhos
Para dançar conosco.

- Não quero mais a fixação dos cortes.

Ao seu lado desaprendo ofícios,
Recuso chispantes faróis,
Sou alforriada do vale dos ventos.
Círculo dos infernos dantescos.

- Pés bailarinos transformam pesos.

Quando vierem artimanhas,
Descaradas sabotagens,
Relembrarei eloqüências
Em imagens.

- Só há céu em lilás degradê quando o sol não arde no rosto.

Acordo desejos sutis.
Cheiro da cidade,
Voz dos ancestrais,
Tempo largo de casas com quintal.

- Frondosos matos cobrem fronteiras.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Lista das pequenas (e pontuais) resistências

Intuir vida em cabelos molhados
Desdobrar joelhos
Cheirar manjericão
Refogar cebolas no azeite
Tatear meu colar de Murano.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Portinari

"Vim da terra vermelha e do cafezal.
As almas penadas, os brejos e as matas virgens
Acompanham-me como o espantalho,
Que é o meu auto-retrato.
Todas as coisas frágeis e pobres
Se parecem comigo"

Candido Portinari

terça-feira, 11 de maio de 2010

Laços invisíveis


Não há orgulho que me impeça de receber seu abraço.

Pulsões

Espio a mim mesma, comprimida em sinais do não pertencimento, estrangeira dos caminhos alheios, como não poderia deixar de ser. A tensão muscular se intensifica. Ombros que pesam mostram mais do meu inferno do que eu gostaria de saber. Das minhas contradições quando a vaidade assola meu calcanhar. Ansiedade. Diminuo o ritmo da respiração, lembrando de segurar o leme... Técnicas comportamentais me incitando a traições psicanalíticas. Brecando meu pulsar mortífero – como se pudesse ser. O tronco não agüenta a rigidez e eu me debruço na mesa. Extraio a não-leveza da poesia, mas sem exageros. O caminhar é vagaroso quando silencio... Bastam de alardes, confissões de coitada, escritos superlativos. Se eu agüento ou deixo de agüentar, cabe a mim mesma. A mão estendida me ajuda no equilíbrio, mas não me sustenta o peso. Eu compartilho por querer, já não mais por desespero. Meus planos se esticam e se apresentam em recomeço, já não mais por cegas fugas... A adolescência se foi há alguns poucos anos. Com ela, o extravasar em cascatas e algumas esperanças também. A falta de norte sucumbiu: tenho direções - sorrio por ser plural. Abocanho meus objetivos. Fortaleço-me em vorazes leituras. E vislumbro ser essa a legítima saída: pulsão de vida.