quarta-feira, 3 de março de 2010

Espio um jardim

Imagem: Chagall


Cercas sem arames farpados. Um verde de mastigar com os olhos. Ponte que faz Poti tocar a mão de Iracema, fortemente. Sorrisos de estremecer o corpo. À sombra dos eucalipitos, enraizamos nossas juras de amor sob a testemunha da mãe-terra - molhada, cheirosa, fértil. Eu me rendo e dou de ombros às súplicas das tempestades sem abrigo. Você me quer livre e eu me permito sentir o gosto doce desse passo. Te quero, meu cheiro amadeirado, trazendo as boas novas daqueles campos onde o amor não se valida com as inflamações torpes, as nocivas labaredas, onde os ossos se fraturam nas esquivas - o amor não é desamor. Munido de tinta azul, nosso lar já se ergue na beira do ribeirão com grandeza de mar. Beijo tuas mãos.


Obs: Texto escrito em volúpia, sem censuras, como uma queda d'água que flui em rapidez, inspirado nas palavras de um jardim suspenso.

4 comentários:

entre arabescos e nacaras disse...

Que ar fresco neste texto! Feliz o amor. =)
bjk

Marcelo Tavares disse...

Eu queria escrever um comentário inteligente... Mas o texto ficou tão foda que eu ficarei quieto...

Saga disse...

eucaliptos cheiro de infancia. seu texto p/ vc tão fogoso e vermelho, p/ mim me acordou as lembranças da casa de marina, a mãe dela passava essencia de eucaliptos pela casa toda, e eu tinha ansia de vomito cm o cheiro, mas hoje é uma lembrança tão minha...e o vestidinho branco da ed naquele nosso bosque da faculdade...veja, isabella, a paixão não é tão distante da inocencia, num imaginário corrente.

Bruno Costa disse...

Vou me afastar mais vezes do Girassol Noturno... para que o retorno seja sempre surpreendente! Abraço!