sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Processo-dor I

Em hiato,
afastam-se as palavras.
Eu oro em desespero:
Muros se partam
para o meu sumo sair,
escorrer cintilante
em grito inflamado.
Os senhores vigilantes de todo o movimento
caçoam da minha alteridade
enfraquecem o jorro,
essa potência de vida.

O olhar, no entanto,
persegue ousado
a composição que atinge a víscera.

Alimento minhas algas marinhas,
mas não consigo expelir.

4 comentários:

entre arabescos e nacaras disse...

"Alimento minhas algas marinhas,
mas não consigo expelir."

Que coisa linda. Não sorridente, mas lindo...

Afinal, ostra feliz não faz pérola.

Compactuo com os seus versos Bella, de tudo aquilo que não é meu, mas está na linguagem que nos atravessa. São maravilhosos.

beijok!

Diego Medeiros disse...

é uma dor que faz escorrer pelas entranhas. caçoa das palavras pouco úteis nesse instante.

sigamos adiante.

Anônimo disse...

Lindo e forte, assim como você.

Anônimo disse...

Esse olhar que sustenta
esse grito que espurga
essa víscera que abastece
essa mão que te segura.

:*