Se te parecer distante,
Escassa de peito aberto,
Não convoque espinhos
Para dançar conosco.
- Não quero mais a fixação dos cortes.
Ao seu lado desaprendo ofícios,
Recuso chispantes faróis,
Sou alforriada do vale dos ventos.
Círculo dos infernos dantescos.
- Pés bailarinos transformam pesos.
Quando vierem artimanhas,
Descaradas sabotagens,
Relembrarei eloqüências
Em imagens.
- Só há céu em lilás degradê quando o sol não arde no rosto.
Acordo desejos sutis.
Cheiro da cidade,
Voz dos ancestrais,
Tempo largo de casas com quintal.
- Frondosos matos cobrem fronteiras.
sexta-feira, 21 de maio de 2010
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Lista das pequenas (e pontuais) resistências
Intuir vida em cabelos molhados
Desdobrar joelhos
Cheirar manjericão
Refogar cebolas no azeite
Tatear meu colar de Murano.
Desdobrar joelhos
Cheirar manjericão
Refogar cebolas no azeite
Tatear meu colar de Murano.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Portinari
"Vim da terra vermelha e do cafezal.
As almas penadas, os brejos e as matas virgens
Acompanham-me como o espantalho,
Que é o meu auto-retrato.
Todas as coisas frágeis e pobres
Se parecem comigo"
Candido Portinari
As almas penadas, os brejos e as matas virgens
Acompanham-me como o espantalho,
Que é o meu auto-retrato.
Todas as coisas frágeis e pobres
Se parecem comigo"
Candido Portinari
terça-feira, 11 de maio de 2010
Pulsões
Espio a mim mesma, comprimida em sinais do não pertencimento, estrangeira dos caminhos alheios, como não poderia deixar de ser. A tensão muscular se intensifica. Ombros que pesam mostram mais do meu inferno do que eu gostaria de saber. Das minhas contradições quando a vaidade assola meu calcanhar. Ansiedade. Diminuo o ritmo da respiração, lembrando de segurar o leme... Técnicas comportamentais me incitando a traições psicanalíticas. Brecando meu pulsar mortífero – como se pudesse ser. O tronco não agüenta a rigidez e eu me debruço na mesa. Extraio a não-leveza da poesia, mas sem exageros. O caminhar é vagaroso quando silencio... Bastam de alardes, confissões de coitada, escritos superlativos. Se eu agüento ou deixo de agüentar, cabe a mim mesma. A mão estendida me ajuda no equilíbrio, mas não me sustenta o peso. Eu compartilho por querer, já não mais por desespero. Meus planos se esticam e se apresentam em recomeço, já não mais por cegas fugas... A adolescência se foi há alguns poucos anos. Com ela, o extravasar em cascatas e algumas esperanças também. A falta de norte sucumbiu: tenho direções - sorrio por ser plural. Abocanho meus objetivos. Fortaleço-me em vorazes leituras. E vislumbro ser essa a legítima saída: pulsão de vida.
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