sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Eu podia escrever um livro de trezentas páginas sobre esses últimos três dias. Ou bem mais que isso, bem mais. E pela vida inteira eu vou lembrar. Comovida, modificada, transbordando sensações. As crianças e suas mãos apertando a minha com força, os corações cercados de fogo, a flor com nossos nomes dentro das pétalas - e os deles bem juntinhos -, o choro, o caos, os abraços que pedem socorro, o corpo amordaçado... tantos fragmentos ainda por juntar, uma escuta ainda amedrontada para oferecer e toda a vontade do mundo de acolher.

Que meus olhos não se fechem.
Que eu não só veja, mas também repare.
Que minha escuta seja como as águas calmas do mar pela manhã.



Ps. (para os que se preocuparam por não entender): O texto se refere mais a uma experiência que tive com crianças institucionalizadas, através de uma proposta da base de pesquisa da qual faço parte na faculdade.

3 comentários:

Marcelo Tavares disse...

Que texto bonito, minha bela.

entre arabescos e nacaras disse...

Lindo.
Um qudro da experiência.
Também uma oração.
É uma reticência o enfrentamento do abandono e do risco...mas também exclamação diante dos sonhos, das imagens, do espírito que compartilhamos juntos naquele ouvir, na angústia toda de sair aquelas vozes e gestos!
Vamos em direção a esse mar.

Riqueza.

bjos

Chico disse...

Te ligo semana que vem, ok?