quinta-feira, 10 de abril de 2008

Da solidão e o eterno-retorno

Mesmo após mais de dez anos (talvez bem mais), eu continuo andando em círculos em alguns aspectos. É a velha lei do eterno-retorno que faz todo o sentido para mim. Perguntando a um colega de faculdade se ele já tinha formado o seu grupo para uma prova prática de uma disciplina de laboratório, ele brincou dizendo que não, que estava “avulso”. Ri e fiquei pensativa: eu sou avulsa o tempo todo então. Parece-me que não importa muito o local, a mesma sensação não demora a retornar.
Sou de tantos. Sou de tão poucos. Sou de ninguém. Passeio por entre todos os grupos. Vejo-me um pouco em todos e em nenhum ao mesmo tempo. Como uma dialética ambulante (seria cabível esse termo aqui?).
A delícia é não se sentir limitada, é poder transitar conforme o seu humor e poder se recolher numa boa, sem precisar de avisos ou perguntas. E as dores? Muitas. Quando todos se agrupam e você não se manifesta, você quase não é lembrada. Não faz falta. Sua figurinha não preenche o álbum porque simplesmente ninguém acha que você o compõe. E não compor álbum nenhum dói. Não é vitória como alguns enxergam ser. Não é ser bem-resolvido. É solidão na sua esfera mais áspera mesmo.

Um comentário:

Gabriel disse...

"eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também?"
(será?)

eu sei do que você fala, quando nos sentimos bem vindo por todos, mas desnecessários a todos...

como fazemos diferença, mas não somos fundamentais...

é o mal de quem é muito intenso, quer as coisas de uma forma menos superficial, e às vezes isso requer mais tempo de algum grupo específico, de uma dedicação diferenciada, não basta sempre, simplesmente, ser quem se é, é necessário que as pessoas tenham contado para poder perceber...

beijoss!