Encolhida feito feto, ponho-me a
pensar nas referências de mim mesma. Onde tropecei, que nem mesmo vi? Um tanto
confusa, lembro-me deste lugar-refúgio de palavras. Um tanto confusa, indago se
aqui ainda cabe um pouco de mim, dos meus ais, dos meus suspiros e também da
falta de ar. Por que volto, se tanto acreditei que esse caminho, uma vez
clareado, jamais voltaria a ser escuro? Não sei, mas algo me diz que se cá estou,
coisas perdidas vim buscar. Antes de parir, para morrer e renascer mãe. Vim
buscar o rasgo das palavras. O rasgo que dá passagem. O rasgo que me fez crescer,
conhecer a dor e transcendê-la. O rasgo que deixei para lá, preenchida pelas
cores das flores, pela cachoeira saciando minha sede, as medicinas da floresta
cuidando da minha fome, a alegria, tão somente a alegria... Para quê voltar
para o rasgo que é escrever? Pois é. Grande mistério. Grande liberdade. Depois
da expansão, vem contração. Movimento universal – das minúsculas às grandes
partículas. Contraindo, rasgando e significando.
Mais um texto sem desfecho.
Mais um texto sem desfecho.