Quando queimei as pontes
O sagrado se espalhou como pólen
Transparente-lilás
- dulcíssimo exposto-mistério.
Penetrou as flores mais intocáveis
(tulipas entre os entulhos)
E as pequenas rachaduras
Nos cacos de vidro do muro
Altiva, eu nada quis reter.
Quando o lodo secou
(crosta na pele)
A fauna noturna sugou minha seiva,
Meus anticorpos.
Censurada, eu desaprendi a chorar.
Em cólera, perguntei:
Deus, por onde me espia
Para eu ultrapassar essa fresta?
domingo, 24 de janeiro de 2010
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Carne viva
Lóri se sentia como se fosse um tigre perigoso com uma flexa cravada na carne, e que estivesse rondando devagar as pessoas medrosas para descobrir quem lhe tiraria a dor. E então um homem, Ulisses, tivesse sentido que um tigre ferido não é perigoso. E aproximando-se da fera, sem medo de tocá-la, tivesse arrancado com cuidado a flecha fincada.
(Clarice Lispector. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. P. 121)
(Clarice Lispector. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. P. 121)
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